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O Brasil e seus movimentos para conter a crise

por Ricardo Pereira
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Brasil e seus movimentos para conter a criseAlém da comum dúvida sobre a chegada ou não da crise financeira no Brasil, outros questionamentos vêm sendo realizados por vocês, nossos fiéis leitores: como o Brasil está se preparando, enquanto nação, para a chegada dos efeitos colaterais deste tufão financeiro internacional? Já concordando com a afirmação de que tais efeitos serão sentidos também aqui, será que o governo tem tomado atitudes inteligentes[bb] para evitar estragos maiores?

As respostas não completamente animadoras, mas trazem tom de “estamos preocupados e agindo”, discurso um pouco diferente daquele proferido algumas vezes pelos porta vozes do governo. A equipe econômica, capitaneada principalmente pelo presidente do Banco Central Henrique Meirelles desde o inicio da crise, se mexe para conter eventuais efeitos da crise no Brasil.

Quais as medidas tomadas até agora?
Para muitos, fica a impressão de que nosso governo não tem agido de forma intensa para evitar problemas locais, o que não é uma verdade completa. Discute-se, principalmente na mídia especializada, a eficácia de certas medidas, mas não se duvida da capacidade de ação de nossa atual equipe econômica. A equipe econômica brasileira não está de braços cruzados.

Listo abaixo as principais medidas adotadas pelo governo, desde 19 de setembro – quando o banco Lehman Brothers quebrou:

  • Nessa data, o Banco Central promoveu um leilão de US$ 500 milhões, com o compromisso de recompra em 30 dias. O leilão serviria para, nesse tempo, garantir dólares para as empresas exportadoras;
  • Em 1º de outubro, o Banco do Brasil antecipou para o mercado agrícola R$ 5 bilhões;
  • Em 2 de outubro, o BC anunciou a redução do compulsório (valor diário que os Bancos são obrigados a enviar ao BC) com a expectativa de injetar R$ 23,5 bilhões na atividade econômica – para os bancos grandes que comprassem parte das carteiras de crédito dos bancos pequenos;
  • Nas primeiras horas do dia 6 de outubro, ficava claro que o dia entraria para a história do mercado financeiro. O dólar ultrapassou os R$ 2,15 e a bolsa despencou 15% durante o dia. O Banco central realizou um leilão de swap cambial, injetando US$ 1,468 bilhão no mercado financeiro. A operação de swap é usada para proteção contra a alta do dólar;
  • Nesse mesmo dia, o BNDES disponibilizou linha de crédito para exportações em mais US$ 5 bilhões. O Presidente Lula assinou uma medida provisória concedendo maiores poderes ao BC;
  • No dia 7 de outubro, o BC realizou mais leilões de swap cambial e vendeu mais dólares, com compromisso de recompra. Ao todo, foram injetados no mercado US$ 1,359 bilhão e US$ 2,059 bilhões nessas operações;
  • No dia 8 de outubro, o dólar chegou muito perto de R$ 2,50. O BC decidiu utilizar as reservas internacionais para conter a alta da moeda – registre-se que esse tipo de leilão não ocorria desde fevereiro de 2003. Durante o dia, novas operações de swap foram realizadas, levando o dólar a R$ 2,28;
  • Ainda no dia 8 de outubro, o ministro da Fazenda Guido Mantega, atual presidente do G-20, convocou uma reunião na sede do FMI, nos EUA, para discutir a crise. Novas mudanças foram anunciadas na regra dos empréstimos compulsórios e mais R$ 23,2 bilhões entraram na economia;
  • Os dias 9 e 10 de outubro foram marcados por mais leilões de swap e venda de dólares da reserva cambial;
  • No dia 13 de outubro surgiram mais mudanças no compulsório, com conseqüente liberação de R$ 47,1 bilhões.

Hoje, o presidente Lula assinou a medida provisória que autoriza os bancos públicos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a comprarem participações em instituições financeiras (incluindo bancos de Investimentos, seguradoras, instituições previdenciárias, empresas de capitalização e etc.) no país, sem passar por processos burocráticos, como licitações. O portal Infomoney traz, também, uma ótima cronologia da crise.

O governo se mexe e abraça o plano Gordon Brown
O que fica evidenciado é a disposição do governo em tentar contornar os possíveis efeitos colaterais da crise no país. Se, por um lado, sinaliza que o país não está imune à crise, de outro evidencia que o governo trabalha com diversos instrumentos e ferramentas a fim de garantir liquidez e confiança ao mercado. Tem gente séria trabalhando para sustentar nosso crescimento, o que é fundamental para restaurar a “simpatia” (leia-se dinheiro) dos investidores[bb] nacionais e internacionais.

A medida provisória assinada por Lula é uma adesão ao plano do primeiro ministro britânico Gordon Brown, considerado personagem principal da crise por lançar um plano bastante discutido pelos especialistas. Nele, o governo toma participação nas instituições financeiras, garantindo a confiança dos investidores com milhões de euros e libras. Vale lembrar que os Estados Unidos aderiram a essa ação e tentam seguir pelo mesmo caminho. Até a próxima.

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Ricardo Pereira é consultor financeiro, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para stock.xchng.

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